A confirmação de Salvador como sede dos jogos da Copa de 2014 foi motivo de muita festa em Salvador, ao som do batuque autêntico dos blocos afro Olodum e Ilê Ayê.
Não houve surpresa na lista das cidades escolhidas. Além da capital baiana, foram também selecionadas as cidades de Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
Depois das comemorações, o próximo passo agora, é cumprir as exigências estabelecidas pela Fifa. E são muitas, entre elas, obras de adaptações dos estádios e infra-estrutura das cidades sedes.
Tendo em vista isso, na próxima quarta-feira (03), os arquitetos responsáveis pelos projetos dos estádios estarão reunidos em São Paulo para discutir os problemas e as possíveis soluções tecnológicas a serem implementadas. Trata-se de um encontro não-oficial, organizado pelo Sinaenco Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaeco) e pelo portal Copa 2014. Nos dias 9 a 11 de junho eles voltam a reunir-se em Brasília, agora sob a supervisão da CBF, para discutir os projetos, custos e definir cronogramas de trabalho.
Em Salvador, o principal desafio é a reconstrução do estádio da Fonte Nova, que terá uma nova concepção. No dia 31 de julho, encerra-se o prazo para início dos processos licitatórios do novo estádio da Fonte Nova e obtenção de todos os licenciamentos requeridos. No dia 30 de novembro é o prazo máximo para envio do resultado do processo de licitação para o Comitê Organizador da FIFA, identificando os grupos investidores privados.
Em 31 de janeiro de 2010 será dado início à implementação dos investimentos para que, no dia 31 de dezembro de 2012, o novo estádio da Fonte Nova esteja pronto para abrigar a Copa das Confederações que antecede ao Mundial de 2014.

A expectativa é grande; A um pouco mais de 24 horas do anúncio oficial das cidades-sedes da Copa do Mundo 2014, alguns sites já antecipam a notícia das confirmadas, entre elas, Salvador.
Segundo o colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, as cidades escolhidas são Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Cuiabá, Manaus, Fortaleza, Recife, Natal e Salvador. O jornalista informa inclusive, que o jogo da grande final será no Rio do Janeiro, no Maracanã.
A divulgação oficial, porém só sairá às 15h30 deste domingo, quando os dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa), reunidos em Nassau, nas Bahamas, farão o comunicado oficial.
Até lá os baianos preparam uma grande festa no centro histórico de Salvador, com direito à participação dos blocos Olodum e Ilê Ayê.
Enquanto isso, a agência de notícias do governo da Bahia (AGECOM) divulga os benefícios da escolha de Salvador para sediar o campeonato mundial, entre eles, a reforma da Fonte Nova, local escolhido para os jogos. Segundo o secretário do Traballho, Emprego, Renda e Esporte, Nilton Vasconcelos, foi apresentado ao comitê organizador da Copa um projeto básico que garantiu a participação em todo o processo de seleção das cidades-sede. Ele informou que, na época, foram feitas algumas recomendações pelo comitê organizador do evento, principalmente no que diz respeito à aproximação da torcida ao campo, eliminando-se a pista de atletismo que existia na proposta anterior.
O novo estádio da Fonte Nova terá suas características arquitetônicas atuais preservadas, mantendo a abertura em formato de ferradura, voltada para o Dique de Tororó. A capacidade será para 55 mil pessoas, podendo ser ampliada para até 60 mil, com instalação de arquibancadas provisórias na abertura da ferradura. Ao todo, serão 47 camarotes com 1.330 assentos e uma área multiuso. Serão construídos, em área anexa, equipamentos de estacionamento com capacidade para cinco mil vagas. Um dos detalhes principais do projeto é a moderna cobertura (semelhante à utilizada no estádio da cidade de Hannover/Alemanha), que usará uma estrutura leve para não prejudicar a visão do entorno do estádio.
Segundo o ex-jogador e superintendente da Sudesb, Raimundo Nonato, o Bobô, os trabalhos começaram em maio de 2007, com o preenchimento dos cadernos de encargos da Fifa. "Agora eu acho que no domingo (31) este esforço do Estado da Bahia será coroado com a vinda para Salvador de um dos eventos mais importantes do mundo, que é o mundial de 2014".

A Fonte Nova está entre um dos estádios da Bahia que poderá receber o sistema de iluminação à base de energia solar. A proposta do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Ideal), foi apresentada ontem (26), na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas do Senado.
O projeto intitulado "Estádios Solares", abrange as 17 cidades brasileiras candidatas a sediar jogos da Copa do Mundo. Além da Fonte Nova e Pituaçu, estão na lista dos pesquisadores, os estádios do Maracanã (RJ), o Mineirão (MG), o Beira-Rio (RS), entre outos.
“A partir do momento em que a FIFA divulgar o nome das 12 sedes escolhidas, os estudos serão detalhados”, assinalou o engenheiro Mauro Passos, responsável pelo projeto. Ele estima que esse detalhamento poderá ser concluído em três meses.
Na próxima semana, os senadores participarão de uma reunião com os ministros dos Esportes, do Turismo e do Meio Ambiente, além de representantes da comissão organizadora da Copa, para discutir ações que possam caracterizar o evento no Brasil como uma Copa Limpa ou uma Copa Verde.
O projeto foi apresentado, em março de 2008 ao presidente Lula, e já havia sido enviado para o secretário Nilton Vasconcelos, da secretaria de Trabalho Esporte e Renda, do governo da Bahia. Na época, o secretário declarou que a sugestão seria inserida no novo projeto para a Fonte Nova. “É claro que a idéia de utilizarmos a energia solar, uma energia renovável, limpa, é muito boa e é uma exigência do mundo atual”, observou Vasconcelos.
Na última sexta-feira (22), em entrevista à Rede Bahia, o governador Jacques Wagner confirmou a notícia de utilização da tecnologia não apenas na Fonte Nova, mas também, no estádio de Pituaçu. “A Coelba vai fazer uma participação - 80% deles e 20% do Estado. Acho que vai ser o primeiro estádio de futebol no Brasil iluminado por energia solar”, afirmou.
ESTÁDIOS VERDES - A proposta não é nova, nem mesmo inusitada. Existem inúmeros estádios utilizando tecnologia similar em todo o mundo, o "Stade de Suisse", na Suíça, é um deles [foto acima]. O estádio é abastecido por energia solar através de seus 10 mil painéis fotovoltaicos geram 1.3 megawatts e produzem mais de 1 mil gigawatts de eletricidade anualmente, o suficiente para suprir o consumo de mais de 400 casas. É o maior estádio com energia solar do mundo.
Outro exemplo é o Estádio Nacional de Pequim, conhecido como Ninho de Passarinho, símbolo-maior da Olimpíada de Pequim. Quase toda a energia utilizada por ele é de origem renovável. O projeto foi da empresa chinesa Suntech, que se tornou líder mundial na produção dos painéis fotovoltaicos, capazes de transformar luz solar em eletricidade.

“O sinal que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deu é de que Salvador está garantida”. Essa foi a principal declaração que o governador do estado da Bahia, Jaques Wagner, fez hoje (22), em entrevista concedida ao Jornal da Manhã, da TV Bahia.
Mas aí vem uma questão! Após grande reforma e investimento no estádio Roberto Santos (Pituaçu), onde vão acontecer os jogos da Copa, caso se confirme Salvador como sub-sede?
Segundo o deputado federal José Rocha, em anúncio feito antes da partida entre Vitória e Vasco, no estádio Manoel Barradas (Barradão) no último dia 20, a saudosa Fonte Nova “não tem nenhuma chance de ser escolhida” (???). Já que o Barradão está descartado, ele supõe que seja mesmo em Pituaçu, ou até a criação de uma nova arena!
Ao contrário do que anunciou Rocha, o governador Wagner, durante a entrevista no telejornal, em nenhum momento cogitou a possibilidade de outro estádio para o evento que não fosse a Fonte Nova. Endossou o projeto que já foi selecionado, e deu detalhes sobre o que mais vai abranger o local, além do campo de futebol. “A ideia é a construção de um shopping de tamanho médio, e no lugar do ginásio Antonio Balbino (Balbininho), nós deveremos ter uma casa de shows. Empresários dessa área já demonstraram interesse”, revelou.
Já que surgiu esse impasse, é preferível crer na fala do governador, e esperar o anúncio oficial no dia 31, que vai definir Salvador como sede e a Fonte Nova como palco.


Depois dos vultosos investimentos no estádio de Pituaçu, agora o governo da Bahia volta sua atenção para o estádio Manoel Barradas, conhecido como Barradão, de propriedade do Esporte Clube Vitória.
Através de um protocolo assinado nesta quarta-feira, (13), entre o governador Jacques Wagner e o presidente do Vitória, Alexi Portela, serão aplicados recursos públicos na melhoria da infraestrutura e modernização do estádio. O valor do investimento “ainda não foi contabilizado”, informou o Diário Oficial.
Em contrapartida, o Vitória, que completou na data, 110 anos de fundação, se comprometeu a ceder uma área para a construção de uma escola estadual que atenderá os moradores do bairro de Canabrava. Além disso, o Clube atenderá os jovens da região, com atividades educativas e esportivas.
Durante a solenidade, o governador, em tom positivista, reafirmou os investimentos no esporte baiano. “Cerca de R$ 80 milhões em um pouco mais de dois anos”, assinalou Wagner, ao divulgar que estes investimentos deixarão a Bahia mais preparada para sediar os jogos da Copa de 2014.
Contudo, o governador esqueceu de divulgar, como anda o projeto de recuperação da Fonte Nova. A proposta foi entregue à Fifa em janeiro deste ano. O prazo para iniciar as obras do novo estádio é janeiro de 2010, porém até o momento a Superintendência de Desportos do Estado da Bahia – SUDESB, ainda não tornou público o projeto arquitetônico.
Enquanto isso, o gigante de pedras, continua sua agonia contínua...

O futebol brasileiro é um grande negócio e movimenta fortunas todo mundo. Atraídas por esta parcela da economia, empresas estrangeiras têm demonstrado interesse na reforma, na administração e no funcionamento do estádio Octávio Mangabeira, conhecido como Fonte Nova.
Atento a este movimento e buscando solucionar a escassez de recursos estatais necessários para o desenvolvimento da precária infra-estrutura da praça esportiva, o governo da Bahia abriu uma concorrência pública possibilitando a entrada do capital privado através das Parcerias Público Privada (PPP´s), instituída pela Lei Federal n.º 11.079/04.
Sete empresas apresentaram propostas. A vencedora foi a paulista Setepla Tecnosolo, uma das responsáveis pela reforma e adequação do estádio de Hannover, na Alemanha. O formato do projeto que será executado em Salvador, terá características similares ao alemão.
Outra participação do capital internacional na Fonte Nova foi a aprovação da americana KPMG Structured, que será responsável pelo desenvolvimento do projeto de sustentação econômica do estádio, após a reforma.
Recentemente em viagem à Europa, o governador Jacques Wagner teve acesso a mais uma empresa estrangeira com interesse em investir na Fonte Nova. Desta vez, foi a holandesa Amsterdam Arena, responsável pela modelagem comercial e pelo funcionamento da estrutura da Arena Ájax, considerado um dos mais modernos do mundo, concebida para multiuso, como será o estádio baiano.
Diante disto, o torcedor baiano já demonstra sinais de apreensão. O porteiro José Carlos, 33 anos, torcedor do Bahia, e frequentador assíduo da Fonte Nova, comemora os anúncios de recuperação da praça desportiva, porém explicita sua preocupação quanto ao custo dos ingressos. “Eu sempre estava na Fonte Nova todas as quartas-feiras, não perdia um jogo do Bahia. Depois da reforma, não sei se poderei continuar indo”, afirma. “Se for como em Pituaçú, com ingressos de até R$ 100,00 vai ficar difícil”, reclama.

As grades instaladas pela Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (SUDESB) no entorno da Fonte Nova não impediram que moradores de rua utilizassem o espaço para se abrigar das chuvas que atingem Salvador nos últimos dias.
Quem passa na ladeira da Fonte pode avistar os barracos montados após o gradio, próximo aos portões de acesso ao estádio, e a dezenas de famílias que estão no local.
O taxista Emanoel Santos costuma parar na entrada do estádio para descansar e mandar que lavem seu carro. Ele. “Sempre teve moradores de rua aqui, mas logo após o acidente este número aumentou. Tem gente morando aqui a mais de um ano e a prefeitura nem o estado não fazem nada”, afirma.
Maristela Leal é proprietária de uma loja de autopeças no local e reclama da falta de segurança na área. “A qualquer hora do dia tem gente fumando craque. Já aconteceram vários casos de roubos e pequenos furtos. A falta de segurança é grande”, reclama a comerciante.
“Com essa chuva toda, a única alternativa destas pessoas é procurar abrigo em locais abandonados mesmo”, justifica a dona de casa Janaína Santos. Para ela, a prefeitura deveria promover uma ação para tirar as pessoas das ruas.
Diante desta situação, a única coisa concreta que se sabe é que, enquanto a reforma do estádio não chega, o patrimônio público vai resistindo às ações do tempo e à ação desordenada das pessoas que ocupam o local.

Depois de esperar mais de 10 anos, o torcedor soteropolitano poderá assistir um jogo Seleção Brasileira na Bahia. Salvador foi escolhida para sediar, no dia 09 de setembro, a partida preliminar pelas eliminatórias da Copa de 2010 (programação).
O anúncio foi feito por Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, no último dia 28 de abril, em visita a Salvador. A última partida da Seleção Brasileira na capital baiana foi em 5 de junho de 1999, no estádio da Fonte Nova. A Seleção entrou em campo contra a Holanda. O resultado final foi empate 2 a 2.
O jogo o Chile, em setembro, será no Estádio de Pituaçu, reinaugurado no início do ano, com capacidade para pouco mais de 30 mil espectadores. No entanto o esperado embate poderia acontecer novamente, na Fonte Nova, caso a mesma não tivesse interditada, e possibilitar acesso a um maior número de torcedores.
Sabe-se que esta partida contra o Chile será para testar a capacidade, não apenas dos times em campo, mas, sobretudo, da cidade, para sediar os jogos da Copa de 2014, já definida para acontecer no Brasil. .
Segundo o governo da Bahia, Salvador é uma forte concorrente. Até lá, a capital baiana estará completamente adaptada com infra-estrutura viária, turística, e de segurança eficaz para receber um evento deste porte.
Entre as reformas previstas, a principal é a do estádio Octávio Mangabeira, conhecido popularmente como Fonte Nova, que passará por uma modificação integral.
O projeto elaborado pela Setepla Tecnometal Engenharia, associada ao consórcio alemão Schulitz, executor do estádio de Hannover, na Alemanha - sede da Copa do Mundo de 2006 tem um custo inicial de R$ 231 milhões.
A proposta prevê a utilização de parte da estrutura atual. A capacidade do novo estádio será de 55 mil torcedores devidamente sentados, podendo chegar a 60 mil. O público ficará mais próximo do gramado e protegido da chuva ou do sol. Serão construídos ainda, 36 camarotes, além de um salão onde ficará o Museu do Futebol, restaurantes e cafés. Porém diante da expectativa do torcedor baiano para o jogo do Brasil contra o Chile e acima de tudo, da possibilidade de Salvador sediar um dos jogos da Copa do Mundo em 2014, surge uma dúvida: - Se a partida é mesmo uma provação, será que até setembro, estaremos prontos para este teste de fogo?
Vale a preocupação...

Fonte Nova. “Fonte do Futebol”. Simplesmente “Fonte”. Essas alcunhas, em referência à fonte situada ao lado do estádio e que atualmente serve para lavadores de carros, sempre foi preponderante ao seu nome oficial: Octávio Mangabeira.
Reportagem do Jornal A Tarde, do dia 16 de setembro de 1943 afirma que o projeto de construção do novo estádio, aprovado pelo governo de Octávio Mangabeira custaria 30 milhões de cruzeiros, e deveria terminar em 1949, em meio às comemorações da Copa de 50. “A Secretaria de Viação e Obras Públicas apresentou ao sr. Interventor federal o projeto do eng. Mário Leal Ferreira, para construção do estádio e do pavilhão de festas da praça de esportes da Bahia, solicitando a s. ex. a abertura de crédito para pagamento do trabalho e execução da obra por etapas, afim de está terminada a mesma em 1949, quando se comemorará o centenário da cidade, de vez que, não está o Estado, principalmente em face das contingências da guerra, em condições de levar a efeito de uma só vez, a construção projetada que deverá custar o preço total de 30 milhões de cruzeiros. (A TARDE, 19/09/1943)
Uma comissão de esportistas havia sido organizada para exigir do governo a reforma do Campo da Graça. Após passeata pelas ruas do centro da cidade, o governador anunciou a formação de um grupo de trabalho, que posteriormente indicou a impossibilidade de reforma e o aproveitamento do projeto da Fonte Nova, surgido durante a interventoria de Landulfo Alves, e que não foi executada em virtude de problemas políticos.
Três meses depois foi lançada a pedra fundamental. Os engenheiros aproveitaram o terreno e as primeiras arquibancadas foram construídas, e no dia 28 de janeiro de 1951, numa solenidade simples foi inaugurada parte do Estádio Octávio Mangabeira, que o povo prefere chama-lo de Fonte Nova (DN, 01/03/1971)
A idéia inicial era mesclar futebol e esporte amador e utilizar o Dique do Tororó como raia para regatas. O projeto da Vila Olímpica da Bahia compreendia o estádio, com pista de atletismo, o Ginásio Antonio Balbino e a piscina Juracy Magalhães.
Fato curioso na Fonte Nova é o seu formato de ferradura, com capacidade para 25 mil pessoas. Foi proposital e se deve a alguns fatores como as condições do solo, uma melhor harmonia com a paisagem, e uma boa ventilação e acústica.
Quanto ao local, um privilégio: no centro da cidade, com várias vias de entrada e de saída. Para o historiador Cid Teixeira, antes de se erguer o Octávio Mangabeira, naquela região, na ladeira da Fonte, entre o bairro de Nazaré e Brotas, próximo ao Dique do Tororó, ficava o aterro sanitário de Salvador, curiosa similaridade com o Estádio Manuel Barradas, conhecido como Barradão.
O público que compareceu ao primeiro jogo na Fonte Nova, construída em uma área de 12 hectares, assistiu a uma magra vitória do Botafogo sobre o Guarani (à época tradicionais times baianos) por 1 a 0.
Segundo o historiador Mário Gomes, o primeiro gol marcado na Fonte Nova foi do meia-esquerda auvinegro, Antônio, na trave ao fundo do Dique do Toróro. Mas coube ao Bahia, o primeiro título. Venceu o poderoso Ypiranga por 3 a 0 na final do mini-campeonato. Logo após a inauguração do estádio, o então governador da Bahia, Octávio Mangabeira, entregou o mandato e deixou a praça esportiva batizada com o seu nome.
Foi na década de 1960 que a Fonte Nova teve a sua época mais romântica, em sintonia com o charme que atravessa a cidade do Salvador. Naquele tempo, os títulos baianos não ficavam apenas restritos a Bahia ou Vitória. Outros clubes como Ypiranga, Galícia, Leônico e Fluminense de Feira de Santana também foram premiados com troféus.

Segundo Antônio Risério relata em seu livro “Uma história da cidade da Bahia”, o futebol no estado não destoava das demais cidades brasileiras. A modalidade esportiva se popularizava a cada dia e se espalhava por toda a cidade do Salvador, centralizando-se em espaços públicos como o Campo da Pólvora, depois no Hipódromo da Lucaia, no Rio Vermelho, e em seguida no Campo da Graça, local construído entre a a esquina da Rua Catarina Paraguaçu com a Avenida Euclídes da Cunha, especificamente para acolher os “mocinhos bem nascidos” [RISÉRIO, 2004], na prática esportiva.
Assinado pelo arquiteto Diógenes Rebouças, falecido em 1994, os primeiros projetos sobre a Fonte Nova, surgiram na década de 40, para suprir as carências do famoso Campo da Graça, que já não dava mais condições de acolher as grandes torcidas. Segundo matéria publicada no Diário de Notícias do dia 01 de março de 1971, foi necessária a pressão popular para que o projeto fosse colocado em prática. “No dia 28 de agosto de 1947 saiu a conclamação para a construção do Estádio” (DN, 01/03/1971).

Após a Semana de Urbanismo, em 1935, Salvador viveu um amplo processo de remodelação da cidade para atender às exigências de seu crescimento. Foi detectada a necessidade de criação das avenidas de vale, que mudou todo o cenário da cidade.
Na década de 40, conforme indica o documentário “Salvador em Películas, um século de história”, da TVE, as “picaretas do progresso” estavam presentes em toda a cidade. Neste período, as ruas foram alargadas, construíram-se avenidas importantes como a Sete de Setembro e a Vasco da Gama. Na década de 50, com características que revelavam a vocação de metrópole, Salvador já era uma cidade em ebulição, com 417 mil habitantes.


A decadência da Fonte Nova é iniciada, segundo o professor Heliodorio Sampaio, co-arquiteto e co-autor do projeto do anel superior, em 1988, após o último título disputado no estádio.
Atualmente o Octávio Mangabeira está em silêncio. Desde a fatalidade do dia 25 de novembro de 2007, os portões da Fonte Nova estão fechados. Quase um ano após o fato, ainda não está claramente definido qual será o futuro do estádio.
Em outubro deste ano, após uma ampla discussão sobre o que fazer com o estádio, o governo da Bahia aprovou, em processo licitatório, o que fazer. Sete empresas apresentaram propostas distintas, porém só o da paulista Setepla Tecnosolo foi aprovado. No final de novembro, a proposta da empresa americana KPMG Structured, também é indicada, mas, apenas para o desenvolvimento do projeto de sustentação econômica do estádio, após a reforma.
Conforme a proposta da Setepla, a Fonte Nova não será mais demolida, ao contrário, passará por uma ampla reforma e modernização das estruturas. O projeto manterá o anel inferior, aproximando-o do gramado, porém demolirá 60% de todo o anel superior.
Segundo artigo publicado no Jornal A Tarde de 1 de outubro de 2008, assinado pelo arquiteto Marc Duwe, responsável pelo projeto, estão previstas novas escadas de acesso, novos quiosques sanitários e ampliação do vestiário dos jogadores. A abertura do anel no lado sul, em formato de ferradura será mantida, conforme projeto original, facilitando a ventilação do estádio. No local onde existe o anel superior, será implantado um espaço business, com camarotes, salão multifuncional, restaurantes, cafés e um museu do futebol. A cobertura será em estrutura metálica leve, baseada no sistema de raios e anéis.
A essência da proposta está fundamentada no projeto realizado para a Copa da Alemanha, no Estádio de Hannover, o qual foi reformado visando adequar-se às exigências da FIFA, contidas no ‘Football Stadiums Technical Reconmendations and Requirements’, ao mesmo tempo que eram mantidas as suas características originais e preservada a memória da cidade. (A TARDE, 1/10/2008). Serão aplicados R$ 231 milhões na arena que terá capacidade para 55 mil torcedores.
O próximo passo será a entrega do projeto arquitetônico e de engenharia, em 15 de janeiro de 2009, elaborado pela Setepla. O início das obras de reforma, visando a Copa do Mundo de 2014, está previsto para janeiro de 2010. A expectativa do governo da Bahia é que o trabalho seja concluído em 2012, dando tempo para as vistorias e início das partidas preliminares da Copa.

Mesmo em pleno funcionamento, o governo sempre manteve o estádio em obras, com o objetivo de concluir o projeto inicial de ampliação com a construção do anel superior, que ampliaria sua capacidade de 25 mil para aproximadamente 86 mil torcedores.
As arquibancadas, como prateleiras, foram colocadas de baixo para cima. Mas a obra só foi se complementar muitos anos depois, já à entrada da década de 1970, no governo de Luiz Viana Filho, quando re-inauguraram o estádio. Com festa e desastre (RISÉRIO, 2004).

No dia da reinauguração, em 04 de março de 1971, estavam presentes no estádio autoridades, como o governador Luiz Viana Filho, o presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), João Havelange e presidente do Brasil, Emílio Garrastazu Médici. Boatos que corriam na cidade antes da construção, serviram para criar um clima tenso durante as partidas de reinauguração entre Bahia x Flamengo, e Vitória x Grêmio.
Fruto de um alarme falso no decorrer do segundo jogo, pânico geral e corre-corre nas arquibancadas geraram uma tragédia no Octávio Mangabeira.
As pessoas estavam desconfiadas, diziam que a Fonte nova não suportaria o peso de mais de cem mil pessoas. A paranóia estava na cabeça de todos. Durante o jogo principal, depois do Bahia derrotar o Flamengo com um gol de Zé Eduardo, quando o Grêmio e vitória disputavam a bola em campo, um refletor pipocou. E alguém gritou: ‘A Fonte Nova está caindo’ [grifo do autor]. O pânico foi geral. Correria. Gente pulando de cima para baixo. Poeira, pisoteio, confusão e pânico (RISÉRIO, 2004).
Em meio a um ambiente marcado pela ditadura, a divulgação de um acidente com a proporção do primeiro acidente, prejudicaria a imagem do presidente e do governador.
A presença do presidente Médici e da sua comitiva militar na Bahia pode ter provocado o desencontro de informações quanto ao número de mortos e feridos.
Um dos poucos jornais a divulgar o número de mortos e feridos, o Jornal A Tarde, saiu no dia 05 de março de 1971, com uma matéria especial que apontava 2.086 feridos e 02 mortos. “Nem todos os casos atendidos pelo HPS foram registrados, em vista da balbúrdia reinante. Na porta do ambulatório do Hospital, soldados da Polícia Militar vedavam a passagem de jornalistas” (A Tarde, 05/03/1971).

A Fonte Nova já foi palco grandes jogos[1], entre eles, cinco decisões nacionais. Nos tempos áureos foram três, todas contra o Santos de Pelé. Em 1959, 1961 e 1963. O Bahia perdeu os confrontos em casa, mas levou o título em 59.

Em 1989, na Copa União de 1988, o Bahia venceu o Internacional de Porto Alegre por 2 a 1. No jogo de volta, na capital gaúcha, um empate sem gols foi o suficiente para o tricolor ficar com o título. E o Vitória também trouxe uma final de Campeonato Brasileiro para a Fonte Nova. Após jogos emocionantes contra Corinthians, Flamengo e Santos, o rubro-negro baiano encarou o Palmeiras na partida decisiva. Com um gol do baiano Edílson, o alvi-verde paulista venceu por 1 a 0.
O maior público registrado na Fonte Nova foi na memorável partida entre Bahia x Fluminense, pela semifinal da Copa União de 1988. O tricolor baiano venceu, de virada, por 2 a 1, para a alegria dos 110.438 pagantes que abarrotaram o estádio. E o maior contingente humano em um clássico BA-VI aconteceu na decisão do Campeonato Baiano de 1994, exatamente no dia 7 de agosto. Como muitos já tinham ido embora, o gol salvador de Raudinei não foi visto por todos os 97 mil pagantes que compareceram à Fonte Nova. Aos 46 minutos do segundo tempo, o atacante empatou a partida e deu o bicampeonato estadual ao Bahia.
Mas foram nas décadas de 70 e 80 que aconteceram os clássicos com maior rivalidade entres os clubes. Para se ter uma idéia da exasperação que reinava nessa época, o BA-VI mais violento da história foi em 13 de maio de 1973, Dia das Mães. O jogo terminou aos 18 minutos da segunda etapa com a expulsão dos 22 jogadores, além de reservas e cartolas como Paulo Maracajá.
No Campeonato Brasileiro de 1981, o Bahia deu o troco ao Santa Cruz em um jogo memorável na Fonte. Após tomar 4 a 0 no Recife, os jogadores do tricolor baiano ouviram incontáveis e variadas gozações, principalmente do atacante Dadá Maravilha. Fato é que o time pernambucano foi massacrado pelo Bahia por 5 a 0.
Outro momento marcante no Octávio Mangabeira foi a passagem da Seleção Brasileira, em 1989, pela Copa América. O inesperado corte do atacante Charles, que tinha sido campeão nacional pelo Bahia e participado de jogos pela seleção na pré-temporada, enfureceu o torcedor baiano. Apenas 18 mil pessoas foram ao estádio com o intuito único de vaiar o Brasil durante os 90 minutos.
Birro Doido. Esse era o apelido do zagueiro Nildo, do Bahia. Ele foi estrondosamente vaiado na Fonte Nova, no dia 16 de novembro de 1969. O jogo era Bahia x Santos. Após mais uma jogada genial, Pelé driblou o goleiro e deu um tapinha na bola, prestes a concretizar seu milésimo gol. Mas eis que surge Birro Doido embaixo do travessão e evita. Os quase 50 mil pagantes não perdoaram... e vaiaram! A partida terminou em empate, com placar de 1 a 1.
No dia dos namorados de 1999, Bahia e Vitória, que nunca foram tão carinhosos um com o outro, exageraram. Na decisão do Campeonato Baiano foi cada um para um estádio. O Vitória, para o seu mando, o Barradão. O Bahia, para a Fonte Nova. Resultado: ambos se consideraram campeões por WO e a decisão oficial saiu dos gramados para o tapetão, ficando o título dividido entre os dois clubes.

Outros Eventos Importantes

Além das inesquecíveis partidas de futebol, a Fonte Nova já recebeu outros tipos de espetáculos. Em maio de 1980, cerca de 50 mil pessoas se reuniram para assistir a uma das 5 apresentações de Gilberto Gil e Jimmy Cliff no Brasil. Falhas na organização resultaram em brigas e prejuízo.
Cinco anos mais tarde foi a vez dos garotos porto-riquenhos do grupo Menudos tocarem na Fonte Nova. No auge da carreira, em 1989, até Xuxa fez um show em Salvador no estádio Octávio Mangabeira. Só mesmo a gravação do DVD de Ivete Sangalo, em 2003, montou uma bela estrutura. Mesmo com entrada gratuita, mais de 80 mil pessoas prestigiaram a cantora baiana sem maiores problemas.
Saindo do ambiente cultural para o religioso. Grandes eventos religiosos também marcaram a vida do estádio, tais como congressos católicos, mas principalmente cultos e cerimônias evangélicas. Os Jogos Olímpicos da Primavera realizados nas décadas de 60, 70 e 80, foram outros acontecimentos importantes. O evento esportivo dos colégios secundaristas de Salvador levou milhares de pessoas à Fonte Nova para aplaudir os atletas.

O futebol é um dos esportes que mais instiga o interesse do povo brasileiro, seja para praticá-lo ou apenas acompanhá-lo. A identificação das pessoas com o esporte e, consequentemente com os temas relacionados a ele, perpassa os conceitos e definições da comunicação de massa e atinge outras áreas das ciências humanas como a psicologia, a sociologia e a antropologia, constituindo uma hermenêutica própria, que por sua vez, apresenta a relação entre as pessoas e as práticas esportivas, os ídolos, ou mesmo, os equipamentos. Como já afirmamos anteriormente, um dos critérios mais utilizados e que proporcionam audiência na comunicação contemporânea é a capacidade de aglutinação de público em torno dos assuntos apresentados; Isto se dá, muitas vezes, a partir do critério de identidade, entre o que está sendo comunicado e o receptor. A produção audiovisual, não é diferente das outras produções intelectuais que participam da configuração do espaço social e exercem um poder de influência na formação da opinião pública, assim como contribuem com a constituição da identidade cultural da sociedade. Ao refletir a relação de identidade entre a população soteropolitana e o equipamento esportivo “Estádio da Fonte Nova”, utiliza-se os pressupostos teóricos da linha anglo-saxã da Análise do Discurso, que tem origem antropológica e analisa o discurso oral, através do método interacionista. Entende-se aqui por identidade aquilo que: “costura, [ou para usar a metáfora médica, ‘sutura’] o sujeito à estrutura. Estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais que eles habitam, tornando ambos unificados e previsíveis” (HALL, apud SIMONETTI JR, 2002) Este é o ponto de partida para sistematização e identificação da relação ambígua que o cidadão baiano, seja torcedor ou não, estabelece com a Fonte Nova. Este também foi o ponto de partida para escolha das fontes, determinação dos personagens e até mesmo, recorte da edição da narrativa. Seguindo a determinação teórica de Simonetti Jr. que define a identidade como a marcação da diferença, pode-se afirmar que as identidades culturais são elementos da nossa identificação pessoal suscitados pelo sentimento de ‘pertencimento’, às culturas étnicas, lingüísticas, religiosas, e acima de tudo, nacionais. Assim fica mais fácil entender como se dá o pertencimento do povo baiano para com o a Fonte Nova. Recuperando a história do estádio, percebe-se que desde a localização, central, no coração da cidade, até as suas características arquitetônicas, são elementos que fazem as pessoas perceberem a importância do equipamento e criarem sentimentos de aproximação ou distanciamento dele. “Ao classificar os fenômenos culturais, as identidades não apenas buscam determinar o que está incluído e o que não, mas também estabelecem relações de poder entre o Eu e o outro (por meio de processos de valorização), uma vez que a identidade só pode ser definida em contraposição àquilo que não é, estabelecendo posições de valor entre o que pertence e o que não pertence a uma determinada identidade...” (SIMONETTI JR, 2002) Isto justifica, por exemplo, a presença mais perceptível, de torcedores do Esporte Clube Bahia, no vídeo, emitindo opiniões favoráveis e saudosistas relacionadas ao estádio. Durante quase duas décadas o Bahia, teve como principal mando de campo o Octávio Mangabeira. Ali foram festejados títulos e presenciados inúmeros espetáculos da agremiação tricolor. O sentimento de pertencimento da população baiana, inspirado especialmente nos torcedores do Bahia, se potencializa no momento em que o estádio entra em estágio de degradação. Com a ameaça de demolição, a cidade se volta ao equipamento e passa a defendê-lo veementemente, inclusive com indicações de transformá-la em patrimônio histórico cultural . O que seria o ápice do pertencimento e da identificação da população baiana com o equipamento esportivo.

A definição mais comum entre os especialistas é de que o futebol nasceu na Inglaterra, em meados do século XIX. Outros apontam que esta definição pode não ser uma verdade absoluta. Alguns estudiosos dizem que a origem deste esporte está na China, há muitos séculos atrás. Dizem que um "esporte" muito parecido com o futebol era praticado por soldados do Imperador Xeng Ti 25 séculos A.C.. A bola era de pele de animal recheada com ferragens. (LIMA, 2006) Há estudos ainda que apontam para o surgimento do futebol no Japão Antigo, na Grécia, e na Itália Medieval, porém nenhuma destas hipóteses tem relevância. Para este trabalho, o importante é que o Futebol chegou ao Brasil, em exatamente em 1894, trazido por Charles Willian Miller, filho de um escorcês com uma brasileira, nascido na cidade de São Paulo. Há estudos ainda que apontam para o surgimento do futebol no Japão Antigo, na Grécia, e na Itália Medieval, porém nenhuma destas hipóteses tem relevância. Para este trabalho, o importante é que o Futebol chegou ao Brasil, em exatamente em 1894, trazido por Charles Willian Miller, filho de um escorcês com uma brasileira, nascido na cidade de São Paulo. Em 14 de abril de 1895, foi o dia do “ponta pé inicial” do futebol no Brasil, no campo do Gasômetro, na Chácara Dulley. A partida entre Funcionários da Companhia de Gás X Cia. Ferroviária São Paulo Rail Way, que terminou com o placar de 4 a 2 para São Paulo Rail Way, equipe na qual jogava Charles Miller. (HISTÓRIA, 2002) Em 1896, foi fundado o primeiro clube do futebol brasileiro, o São Paulo Athletic. O São Paulo ficou sozinho durante dois anos, quando estudantes da Mackenzie College criaram a Associação Atlética Mackenzie College. Em 1889, surgiu o Germânia, fundado pela colônia alemã no Brasil, e teve como principal idealizador o alemão Hans Nobbing, considerado pelos historiadores como o segundo maior precursor do futebol no Brasil. Aos poucos, o futebol ganhou espaço no Brasil. O esporte era praticado nas classes mais altas da sociedade, porém aos poucos se espalhou entre os menos favorecidos. O negro liberto, mas sem terras nem empregos, buscava trabalhos e ocupação do tempo nas cidades. Teve contato com o futebol como serviçal nos clubes. Modalidade de poucas regras e barata de se praticar, o futebol caiu no gosto popular (ESPORTE, 2004). O crescimento da popularidade do futebol era tanto no Brasil e no mundo que em 19 de dezembro de 1901, institui-se a primeira liga de futebol; a Liga Paulista de Foot-Ball, que no ano seguinte realizou o pioneiro torneio oficial no país, o Campeonato Paulista. O torneio contou com cinco clubes: São Paulo Atlhetic, Internacional, Mackenzie, Germania e Paulistano. A competição registrou o primeiro jogo oficial no Brasil, disputada entre Mackenzie e Germânia. Além disso, Mário Eppingaus foi o autor do gol que abriu oficialmente o futebol no país. O primeiro clube a levantar o troféu foi o São Paulo, liderado por Charles Miller e que se sagrou ainda campeão por três anos consecutivos. Na Bahia, esta história, demarca, segundo, o historiador Antônio Risério (RISÉRIO, 2004), em 27 de outubro de 1901, quando o jovem, de classe média alta baiana, José Ferreira Júnior, apelidado de Zuza Ferreira, ao concluir os estudos na Inglaterra, retornara a Salvador, para assumir um cargo na filial do Bank of London, reúne amigos no Campo da Pólvora para o primeiro “baba” registrado na Bahia. Em 1904, três anos depois da primeira partida informal de futebol, Zuza, com o apoio de estudantes de medicina, quase todos ingleses, fundou em 15 de novembro a Liga do Foot Ball da Bahia. Em 1905, foi realizado o primeiro Campeonato Baiano de Futebol que contou com quatro clubes, São Salvador, Vitória, Clube Bahiano de Tênis e Internacional. O último citado foi o primeiro campeão baiano. Risério resvale-se do livro Futebol: Uma Paixão Nacional, do historiador carioca Rubim, Santos Leão de Aquino, para ressaltar que curiosamente, registra-se em Salvador, o primeiro campeonato internacional de futebol. Dois anos depois da chegada de Zuza, vários desses jovens jogadores enfrentaram marinheiros norte-americanos, tripulantes de uma embarcação ancorada no porto de Salvador. Foi a primeira peleja internacional disputada no Brasil” (RISÉRIO, 2004)

“O futebol brasileiro movimenta anualmente aproximadamente R$ 18 bilhões”, Declaração do senador Álvaro Dias do PDT do Paraná, presidente da CPI do Futebol, para a Agência Senado. Segundo o deputado, parte considerável desse dinheiro vai para o exterior, beneficiando a corrupção e lesando a população brasileira. A crise ética no futebol foi ressaltada com a apresentação do Relatório Final da CPI. A Comissão apontou uma série de crimes, inclusive de ordem tributária, com evasão de divisas, o enriquecimento ilícito e o desrespeito ao torcedor. Com a sanção presidencial da Lei 10.671, em 15 de maio de 2003, o Brasil cria o “Estatuto do Torcedor”, com o objetivo de recuperar o respeito não apenas aos personagens do futebol, mas, sobretudo, aos torcedores. “Este Estatuto estabelece normas de proteção e defesa do torcedor”, (Artigo 1º) O surgimento do Estatuto do Torcedor criou um paradigma para os dirigentes de clubes, e gestores públicos. “Na época anterior à regulamentação, a falta de uma área cercada para se jogar futebol refletia a fraca legislação do jogo. (GIULIANOTTI, 2006) As administrações dos estádios tiveram que readequar os espaços para atender às indicações da Lei. Para preservar sua segurança, foi prevista uma série de mudanças na infra-estrutura dos estádios como: instalação de câmeras de vídeo, construção de banheiros e a numeração de todos os acentos e setores. Passados três anos da criação da Lei, praticamente todos os estádios brasileiros tiveram que fazer reformas, algumas de pequena significância, outra de grande impacto. Da mesma forma, a administração destes espaços, divididas momentaneamente entre o poder público ou privado cria situações conflitantes. A questão requer uma revolução no modelo de gestão dos estádios. Esta mudança pode ser apontada à partir das chamadas PPP´s (Parcerias Público Privada), instituída pela Lei Federal n.º 11.079/04, que possibilita a entrada do capital privado em organismos públicos, buscando solucionar a escassez de recursos estatais necessários para o desenvolvimento da precária infra-estrutura dos estádios brasileiros. Para viabilizar a preparação do Brasil para receber a Copa de 2014, o governo federal já estabeleceu algumas mesas de negociações com empresas. “Em troca dos investimentos necessários para a implantação dos projetos, os empresários ganhariam um contrato de longo prazo – no mínimo, 20 anos – para administrar as instalações esportivas, recuperar o capital e assegurar algum lucro”, afirma matéria publicada na Revista Exame (EXAME 01/12/2007). Pelo menos 18 cidades brasileiras concorrem para receber os jogos. Dentre estas 14 precisarão readequar suas estruturas esportivas e reformar suas arenas, entre elas Recife, Maceió, Natal e Salvador, que se prepara para apresentar o projeto de reforma e modificação da gestão da Fonte Nova.

Apesar de o povo brasileiro ter uma íntima relação com as práticas esportivas desde o surgimento do país, o Estado só se preocupou com a instituição de uma política esportiva, sistemática, a partir do Estado Novo (1937-1945), com o governo passando a interferir diretamente no esporte. A Constituição de 1937 já definia a capacitação física dos trabalhadores como finalidade do esporte. Mas havia, também nesta época, segundo indicam alguns historiadores, o interesse político, de relacionar o esporte com o espírito cívico-patriótico, em especial no reforço à aliança capital-trabalho, que norteava o governo do então presidente Getúlio Vargas. Em 1941, o Decreto-Lei n. 3.199 se propunha a disciplinar, na expressão usada, o esporte. “Foi ali que nasceu o Conselho Nacional dos Desportos (CND), que era para ser regulador, mas que, na prática, acabou como gestor da atividade esportiva no Brasil. Esta intervenção governamental sobreviveu ao fim do Estado Novo e a outras mudanças políticas. Durou 34 anos. (ESPORTE, 2004) Durante o Regime Militar, exatamente no ano de 1975, esta legislação foi alterada pela Lei 6.251, porém foram mantidas, basicamente as mesmas diretrizes e princípios orientadores do Decreto de 1941. Nesta época, foi criada a Política Nacional de Educação Física e Esporte, que viria a ser a primeira política desportiva do país do futebol. A legislação criada na década de 70, por sua vez, foi substituída por outra, com a promulgação da Constituição Brasileira de 5 de outubro de 1988. Com a Constituição, o esporte passou a ser tratado no Brasil, como “um direito de cada um”. A Carta Magma determinou a obrigação do Estado para o incentivo às práticas esportivas e deu autonomia para as entidades e associações esportivas. Declarando assim, o rompimento do Estado, sobre o esporte brasileiro. Na década de 70, o governo da Bahia cria a Autarquia da Vila Olímpica da Bahia, que posteriormente, em 14 de março de 1983, vem a se transformar na Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (SUDESB) através da Lei Delegada nº37, como uma autarquia vinculada a Secretaria do Trabalho, Assistência Social e Esporte (SETRAS). A SUDESB surge com o objetivo de administrar o estádio da Fonte Nova, assim como toda a estrutura da Vila Olímpica, a ele ligada, somando o fomento ao desenvolvimento do desporto em todas as cidades do Estado da Bahia. Com o passar do tempo, a legislação que criou a SUDESB foi modificada pelas Leis nºs 4.697 (de 15 de julho de 1987), 6.074 (de 22 de maio de 1991) e 9.424 (de 27 de janeiro de 2005). No âmbito federal, surge neste período, um conjunto de novas leis que vão determinar a política esportiva vivenciada nos dias atuais. A Lei Zico (Lei n. 8.672/93 e o Decreto n. 891/93), alterada posteriormente pela Lei Pelé (Lei n. 9.615/98 e o Decreto 2.574/98), que propõem princípios e diretrizes para a organização e funcionamento de entidades esportivas, promovendo assim, mudanças significativas no ambiente do futebol. Em 2003, depois de uma ampla discussão com os setores organizados da sociedade, a Câmara, finalmente aprova o “Estatuto do Torcedor” (Lei n. 10.671, 15/05/2003), que dá ao torcedor a condição de consumidor e estabelece regras para o procedimento dos clubes, estádios dirigentes e o próprio torcedor. Outras leis importantes também foram aprovadas pela Câmara, tais como a Lei Agnelo (Lei n. 10.264/01), que destina 2% das loterias federais ao Comitê Olímpico e Paraolímpico, e a Lei n. 10.672/03, que fixa regras de transparência aos clubes e dirigentes. Nos anos de 2000 a 2002, a Comissão de Educação, Cultura e Desportos da Câmara dos Deputados realizou um ciclo de debates denominado “Panorama do Esporte Brasileiro”, segundo o exemplo dos debates ocorridos em 1983, nesta mesma Casa legislativa. Porém nada foi tão falado, quanto às famosas Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPI), instaladas no Congresso para apurar denúncias contra times de futebol e contra a própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Na esfera do poder executivo, foi criada, em agosto de 2001, a Câmara Setorial do Esporte, responsável por apresentar uma proposta atualizada de política nacional de esporte que acolhesse os desafios do mundo moderno. Em 2003, com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, amante do futebol e torcedor fervoroso do Corinthians, inicia-se no Brasil, um novo momento para a política desportiva nacional, levando em consideração as definições estabelecidas na Constituição. Em 1 de Janeiro de 2003, o presidente cria o Ministério do Esporte, com a missão de “formular e implementar políticas públicas inclusivas e de afirmação do esporte e do lazer como direitos sociais dos cidadãos, colaborando para o desenvolvimento nacional e humano” (Medida Provisória 103/03). Em 2004, o Ministério do Esporte promove a I Conferência Nacional de Esporte, reunindo a opinião de 83 mil pessoas, mobilizadas em 873 municípios, de 23 estados e no Distrito Federal, com o objetivo de traçar as políticas, estabelecer metas e ações para o setor. Em julho de 2005, o Conselho Nacional de Esporte estabelece a necessidade de reconstrução do Sistema Nacional de Esporte e Lazer, ratificado na II Conferência Nacional de Esporte, um ano depois.

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