A confirmação de Salvador como sede dos jogos da Copa de 2014 foi motivo de muita festa em Salvador, ao som do batuque autêntico dos blocos afro Olodum e Ilê Ayê.
Não houve surpresa na lista das cidades escolhidas. Além da capital baiana, foram também selecionadas as cidades de Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
Depois das comemorações, o próximo passo agora, é cumprir as exigências estabelecidas pela Fifa. E são muitas, entre elas, obras de adaptações dos estádios e infra-estrutura das cidades sedes.
Tendo em vista isso, na próxima quarta-feira (03), os arquitetos responsáveis pelos projetos dos estádios estarão reunidos em São Paulo para discutir os problemas e as possíveis soluções tecnológicas a serem implementadas. Trata-se de um encontro não-oficial, organizado pelo Sinaenco Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaeco) e pelo portal Copa 2014. Nos dias 9 a 11 de junho eles voltam a reunir-se em Brasília, agora sob a supervisão da CBF, para discutir os projetos, custos e definir cronogramas de trabalho.
Em Salvador, o principal desafio é a reconstrução do estádio da Fonte Nova, que terá uma nova concepção. No dia 31 de julho, encerra-se o prazo para início dos processos licitatórios do novo estádio da Fonte Nova e obtenção de todos os licenciamentos requeridos. No dia 30 de novembro é o prazo máximo para envio do resultado do processo de licitação para o Comitê Organizador da FIFA, identificando os grupos investidores privados.
Em 31 de janeiro de 2010 será dado início à implementação dos investimentos para que, no dia 31 de dezembro de 2012, o novo estádio da Fonte Nova esteja pronto para abrigar a Copa das Confederações que antecede ao Mundial de 2014.
A expectativa é grande; A um pouco mais de 24 horas do anúncio oficial das cidades-sedes da Copa do Mundo 2014, alguns sites já antecipam a notícia das confirmadas, entre elas, Salvador.
Segundo o colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, as cidades escolhidas são Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Cuiabá, Manaus, Fortaleza, Recife, Natal e Salvador. O jornalista informa inclusive, que o jogo da grande final será no Rio do Janeiro, no Maracanã.
A divulgação oficial, porém só sairá às 15h30 deste domingo, quando os dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa), reunidos em Nassau, nas Bahamas, farão o comunicado oficial.
Até lá os baianos preparam uma grande festa no centro histórico de Salvador, com direito à participação dos blocos Olodum e Ilê Ayê.
Enquanto isso, a agência de notícias do governo da Bahia (AGECOM) divulga os benefícios da escolha de Salvador para sediar o campeonato mundial, entre eles, a reforma da Fonte Nova, local escolhido para os jogos. Segundo o secretário do Traballho, Emprego, Renda e Esporte, Nilton Vasconcelos, foi apresentado ao comitê organizador da Copa um projeto básico que garantiu a participação em todo o processo de seleção das cidades-sede. Ele informou que, na época, foram feitas algumas recomendações pelo comitê organizador do evento, principalmente no que diz respeito à aproximação da torcida ao campo, eliminando-se a pista de atletismo que existia na proposta anterior.
O novo estádio da Fonte Nova terá suas características arquitetônicas atuais preservadas, mantendo a abertura em formato de ferradura, voltada para o Dique de Tororó. A capacidade será para 55 mil pessoas, podendo ser ampliada para até 60 mil, com instalação de arquibancadas provisórias na abertura da ferradura. Ao todo, serão 47 camarotes com 1.330 assentos e uma área multiuso. Serão construídos, em área anexa, equipamentos de estacionamento com capacidade para cinco mil vagas. Um dos detalhes principais do projeto é a moderna cobertura (semelhante à utilizada no estádio da cidade de Hannover/Alemanha), que usará uma estrutura leve para não prejudicar a visão do entorno do estádio.
Segundo o ex-jogador e superintendente da Sudesb, Raimundo Nonato, o Bobô, os trabalhos começaram em maio de 2007, com o preenchimento dos cadernos de encargos da Fifa. "Agora eu acho que no domingo (31) este esforço do Estado da Bahia será coroado com a vinda para Salvador de um dos eventos mais importantes do mundo, que é o mundial de 2014".
A Fonte Nova está entre um dos estádios da Bahia que poderá receber o sistema de iluminação à base de energia solar. A proposta do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Ideal), foi apresentada ontem (26), na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas do Senado.
O projeto intitulado "Estádios Solares", abrange as 17 cidades brasileiras candidatas a sediar jogos da Copa do Mundo. Além da Fonte Nova e Pituaçu, estão na lista dos pesquisadores, os estádios do Maracanã (RJ), o Mineirão (MG), o Beira-Rio (RS), entre outos.
“A partir do momento em que a FIFA divulgar o nome das 12 sedes escolhidas, os estudos serão detalhados”, assinalou o engenheiro Mauro Passos, responsável pelo projeto. Ele estima que esse detalhamento poderá ser concluído em três meses.
Na próxima semana, os senadores participarão de uma reunião com os ministros dos Esportes, do Turismo e do Meio Ambiente, além de representantes da comissão organizadora da Copa, para discutir ações que possam caracterizar o evento no Brasil como uma Copa Limpa ou uma Copa Verde.
O projeto foi apresentado, em março de 2008 ao presidente Lula, e já havia sido enviado para o secretário Nilton Vasconcelos, da secretaria de Trabalho Esporte e Renda, do governo da Bahia. Na época, o secretário declarou que a sugestão seria inserida no novo projeto para a Fonte Nova. “É claro que a idéia de utilizarmos a energia solar, uma energia renovável, limpa, é muito boa e é uma exigência do mundo atual”, observou Vasconcelos.
Na última sexta-feira (22), em entrevista à Rede Bahia, o governador Jacques Wagner confirmou a notícia de utilização da tecnologia não apenas na Fonte Nova, mas também, no estádio de Pituaçu. “A Coelba vai fazer uma participação - 80% deles e 20% do Estado. Acho que vai ser o primeiro estádio de futebol no Brasil iluminado por energia solar”, afirmou.
ESTÁDIOS VERDES - A proposta não é nova, nem mesmo inusitada. Existem inúmeros estádios utilizando tecnologia similar em todo o mundo, o "Stade de Suisse", na Suíça, é um deles [foto acima]. O estádio é abastecido por energia solar através de seus 10 mil painéis fotovoltaicos geram 1.3 megawatts e produzem mais de 1 mil gigawatts de eletricidade anualmente, o suficiente para suprir o consumo de mais de 400 casas. É o maior estádio com energia solar do mundo.
Outro exemplo é o Estádio Nacional de Pequim, conhecido como Ninho de Passarinho, símbolo-maior da Olimpíada de Pequim. Quase toda a energia utilizada por ele é de origem renovável. O projeto foi da empresa chinesa Suntech, que se tornou líder mundial na produção dos painéis fotovoltaicos, capazes de transformar luz solar em eletricidade.
Já que surgiu esse impasse, é preferível crer na fala do governador, e esperar o anúncio oficial no dia 31, que vai definir Salvador como sede e a Fonte Nova como palco.
As grades instaladas pela Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (SUDESB) no entorno da Fonte Nova não impediram que moradores de rua utilizassem o espaço para se abrigar das chuvas que atingem Salvador nos últimos dias.
Quem passa na ladeira da Fonte pode avistar os barracos montados após o gradio, próximo aos portões de acesso ao estádio, e a dezenas de famílias que estão no local.
O taxista Emanoel Santos costuma parar na entrada do estádio para descansar e mandar que lavem seu carro. Ele. “Sempre teve moradores de rua aqui, mas logo após o acidente este número aumentou. Tem gente morando aqui a mais de um ano e a prefeitura nem o estado não fazem nada”, afirma.
Maristela Leal é proprietária de uma loja de autopeças no local e reclama da falta de segurança na área. “A qualquer hora do dia tem gente fumando craque. Já aconteceram vários casos de roubos e pequenos furtos. A falta de segurança é grande”, reclama a comerciante.
“Com essa chuva toda, a única alternativa destas pessoas é procurar abrigo em locais abandonados mesmo”, justifica a dona de casa Janaína Santos. Para ela, a prefeitura deveria promover uma ação para tirar as pessoas das ruas.
Diante desta situação, a única coisa concreta que se sabe é que, enquanto a reforma do estádio não chega, o patrimônio público vai resistindo às ações do tempo e à ação desordenada das pessoas que ocupam o local.
Depois de esperar mais de 10 anos, o torcedor soteropolitano poderá assistir um jogo Seleção Brasileira na Bahia. Salvador foi escolhida para sediar, no dia 09 de setembro, a partida preliminar pelas eliminatórias da Copa de 2010 (programação).
O anúncio foi feito por Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, no último dia 28 de abril, em visita a Salvador. A última partida da Seleção Brasileira na capital baiana foi em 5 de junho de 1999, no estádio da Fonte Nova. A Seleção entrou em campo contra a Holanda. O resultado final foi empate 2 a 2.
O jogo o Chile, em setembro, será no Estádio de Pituaçu, reinaugurado no início do ano, com capacidade para pouco mais de 30 mil espectadores. No entanto o esperado embate poderia acontecer novamente, na Fonte Nova, caso a mesma não tivesse interditada, e possibilitar acesso a um maior número de torcedores.
Sabe-se que esta partida contra o Chile será para testar a capacidade, não apenas dos times em campo, mas, sobretudo, da cidade, para sediar os jogos da Copa de 2014, já definida para acontecer no Brasil. .
Segundo o governo da Bahia, Salvador é uma forte concorrente. Até lá, a capital baiana estará completamente adaptada com infra-estrutura viária, turística, e de segurança eficaz para receber um evento deste porte.
Entre as reformas previstas, a principal é a do estádio Octávio Mangabeira, conhecido popularmente como Fonte Nova, que passará por uma modificação integral.
O projeto elaborado pela Setepla Tecnometal Engenharia, associada ao consórcio alemão Schulitz, executor do estádio de Hannover, na Alemanha - sede da Copa do Mundo de 2006 tem um custo inicial de R$ 231 milhões.
A proposta prevê a utilização de parte da estrutura atual. A capacidade do novo estádio será de 55 mil torcedores devidamente sentados, podendo chegar a 60 mil. O público ficará mais próximo do gramado e protegido da chuva ou do sol. Serão construídos ainda, 36 camarotes, além de um salão onde ficará o Museu do Futebol, restaurantes e cafés. Porém diante da expectativa do torcedor baiano para o jogo do Brasil contra o Chile e acima de tudo, da possibilidade de Salvador sediar um dos jogos da Copa do Mundo em 2014, surge uma dúvida: - Se a partida é mesmo uma provação, será que até setembro, estaremos prontos para este teste de fogo?
Vale a preocupação...
Reportagem do Jornal A Tarde, do dia 16 de setembro de 1943 afirma que o projeto de construção do novo estádio, aprovado pelo governo de Octávio Mangabeira custaria 30 milhões de cruzeiros, e deveria terminar em 1949, em meio às comemorações da Copa de 50. “A Secretaria de Viação e Obras Públicas apresentou ao sr. Interventor federal o projeto do eng. Mário Leal Ferreira, para construção do estádio e do pavilhão de festas da praça de esportes da Bahia, solicitando a s. ex. a abertura de crédito para pagamento do trabalho e execução da obra por etapas, afim de está terminada a mesma em 1949, quando se comemorará o centenário da cidade, de vez que, não está o Estado, principalmente em face das contingências da guerra, em condições de levar a efeito de uma só vez, a construção projetada que deverá custar o preço total de 30 milhões de cruzeiros. (A TARDE, 19/09/1943)
Uma comissão de esportistas havia sido organizada para exigir do governo a reforma do Campo da Graça. Após passeata pelas ruas do centro da cidade, o governador anunciou a formação de um grupo de trabalho, que posteriormente indicou a impossibilidade de reforma e o aproveitamento do projeto da Fonte Nova, surgido durante a interventoria de Landulfo Alves, e que não foi executada em virtude de problemas políticos.
Três meses depois foi lançada a pedra fundamental. Os engenheiros aproveitaram o terreno e as primeiras arquibancadas foram construídas, e no dia 28 de janeiro de 1951, numa solenidade simples foi inaugurada parte do Estádio Octávio Mangabeira, que o povo prefere chama-lo de Fonte Nova (DN, 01/03/1971)
A idéia inicial era mesclar futebol e esporte amador e utilizar o Dique do Tororó como raia para regatas. O projeto da Vila Olímpica da Bahia compreendia o estádio, com pista de atletismo, o Ginásio Antonio Balbino e a piscina Juracy Magalhães.
Fato curioso na Fonte Nova é o seu formato de ferradura, com capacidade para 25 mil pessoas. Foi proposital e se deve a alguns fatores como as condições do solo, uma melhor harmonia com a paisagem, e uma boa ventilação e acústica.
Quanto ao local, um privilégio: no centro da cidade, com várias vias de entrada e de saída. Para o historiador Cid Teixeira, antes de se erguer o Octávio Mangabeira, naquela região, na ladeira da Fonte, entre o bairro de Nazaré e Brotas, próximo ao Dique do Tororó, ficava o aterro sanitário de Salvador, curiosa similaridade com o Estádio Manuel Barradas, conhecido como Barradão.
O público que compareceu ao primeiro jogo na Fonte Nova, construída em uma área de 12 hectares, assistiu a uma magra vitória do Botafogo sobre o Guarani (à época tradicionais times baianos) por 1 a 0.
Segundo o historiador Mário Gomes, o primeiro gol marcado na Fonte Nova foi do meia-esquerda auvinegro, Antônio, na trave ao fundo do Dique do Toróro. Mas coube ao Bahia, o primeiro título. Venceu o poderoso Ypiranga por 3 a 0 na final do mini-campeonato. Logo após a inauguração do estádio, o então governador da Bahia, Octávio Mangabeira, entregou o mandato e deixou a praça esportiva batizada com o seu nome.
Foi na década de 1960 que a Fonte Nova teve a sua época mais romântica, em sintonia com o charme que atravessa a cidade do Salvador. Naquele tempo, os títulos baianos não ficavam apenas restritos a Bahia ou Vitória. Outros clubes como Ypiranga, Galícia, Leônico e Fluminense de Feira de Santana também foram premiados com troféus.
Segundo Antônio Risério relata em seu livro “Uma história da cidade da Bahia”, o futebol no estado não destoava das demais cidades brasileiras. A modalidade esportiva se popularizava a cada dia e se espalhava por toda a cidade do Salvador, centralizando-se em espaços públicos como o Campo da Pólvora, depois no Hipódromo da Lucaia, no Rio Vermelho, e em seguida no Campo da Graça, local construído entre a a esquina da Rua Catarina Paraguaçu com a Avenida Euclídes da Cunha, especificamente para acolher os “mocinhos bem nascidos” [RISÉRIO, 2004], na prática esportiva.
Assinado pelo arquiteto Diógenes Rebouças, falecido em 1994, os primeiros projetos sobre a Fonte Nova, surgiram na década de 40, para suprir as carências do famoso Campo da Graça, que já não dava mais condições de acolher as grandes torcidas. Segundo matéria publicada no Diário de Notícias do dia 01 de março de 1971, foi necessária a pressão popular para que o projeto fosse colocado em prática. “No dia 28 de agosto de 1947 saiu a conclamação para a construção do Estádio” (DN, 01/03/1971).
Mesmo em pleno funcionamento, o governo sempre manteve o estádio em obras, com o objetivo de concluir o projeto inicial de ampliação com a construção do anel superior, que ampliaria sua capacidade de 25 mil para aproximadamente 86 mil torcedores.
As arquibancadas, como prateleiras, foram colocadas de baixo para cima. Mas a obra só foi se complementar muitos anos depois, já à entrada da década de 1970, no governo de Luiz Viana Filho, quando re-inauguraram o estádio. Com festa e desastre (RISÉRIO, 2004).
A Fonte Nova já foi palco grandes jogos[1], entre eles, cinco decisões nacionais. Nos tempos áureos foram três, todas contra o Santos de Pelé. Em 1959, 1961 e 1963. O Bahia perdeu os confrontos em casa, mas levou o título em 59.
Outros Eventos Importantes
“O futebol brasileiro movimenta anualmente aproximadamente R$ 18 bilhões”, Declaração do senador Álvaro Dias do PDT do Paraná, presidente da CPI do Futebol, para a Agência Senado. Segundo o deputado, parte considerável desse dinheiro vai para o exterior, beneficiando a corrupção e lesando a população brasileira. A crise ética no futebol foi ressaltada com a apresentação do Relatório Final da CPI. A Comissão apontou uma série de crimes, inclusive de ordem tributária, com evasão de divisas, o enriquecimento ilícito e o desrespeito ao torcedor. Com a sanção presidencial da Lei 10.671, em 15 de maio de 2003, o Brasil cria o “Estatuto do Torcedor”, com o objetivo de recuperar o respeito não apenas aos personagens do futebol, mas, sobretudo, aos torcedores. “Este Estatuto estabelece normas de proteção e defesa do torcedor”, (Artigo 1º) O surgimento do Estatuto do Torcedor criou um paradigma para os dirigentes de clubes, e gestores públicos. “Na época anterior à regulamentação, a falta de uma área cercada para se jogar futebol refletia a fraca legislação do jogo. (GIULIANOTTI, 2006) As administrações dos estádios tiveram que readequar os espaços para atender às indicações da Lei. Para preservar sua segurança, foi prevista uma série de mudanças na infra-estrutura dos estádios como: instalação de câmeras de vídeo, construção de banheiros e a numeração de todos os acentos e setores. Passados três anos da criação da Lei, praticamente todos os estádios brasileiros tiveram que fazer reformas, algumas de pequena significância, outra de grande impacto. Da mesma forma, a administração destes espaços, divididas momentaneamente entre o poder público ou privado cria situações conflitantes. A questão requer uma revolução no modelo de gestão dos estádios. Esta mudança pode ser apontada à partir das chamadas PPP´s (Parcerias Público Privada), instituída pela Lei Federal n.º 11.079/04, que possibilita a entrada do capital privado em organismos públicos, buscando solucionar a escassez de recursos estatais necessários para o desenvolvimento da precária infra-estrutura dos estádios brasileiros. Para viabilizar a preparação do Brasil para receber a Copa de 2014, o governo federal já estabeleceu algumas mesas de negociações com empresas. “Em troca dos investimentos necessários para a implantação dos projetos, os empresários ganhariam um contrato de longo prazo – no mínimo, 20 anos – para administrar as instalações esportivas, recuperar o capital e assegurar algum lucro”, afirma matéria publicada na Revista Exame (EXAME 01/12/2007). Pelo menos 18 cidades brasileiras concorrem para receber os jogos. Dentre estas 14 precisarão readequar suas estruturas esportivas e reformar suas arenas, entre elas Recife, Maceió, Natal e Salvador, que se prepara para apresentar o projeto de reforma e modificação da gestão da Fonte Nova.
Apesar de o povo brasileiro ter uma íntima relação com as práticas esportivas desde o surgimento do país, o Estado só se preocupou com a instituição de uma política esportiva, sistemática, a partir do Estado Novo (1937-1945), com o governo passando a interferir diretamente no esporte. A Constituição de 1937 já definia a capacitação física dos trabalhadores como finalidade do esporte. Mas havia, também nesta época, segundo indicam alguns historiadores, o interesse político, de relacionar o esporte com o espírito cívico-patriótico, em especial no reforço à aliança capital-trabalho, que norteava o governo do então presidente Getúlio Vargas. Em 1941, o Decreto-Lei n. 3.199 se propunha a disciplinar, na expressão usada, o esporte. “Foi ali que nasceu o Conselho Nacional dos Desportos (CND), que era para ser regulador, mas que, na prática, acabou como gestor da atividade esportiva no Brasil. Esta intervenção governamental sobreviveu ao fim do Estado Novo e a outras mudanças políticas. Durou 34 anos. (ESPORTE, 2004) Durante o Regime Militar, exatamente no ano de 1975, esta legislação foi alterada pela Lei 6.251, porém foram mantidas, basicamente as mesmas diretrizes e princípios orientadores do Decreto de 1941. Nesta época, foi criada a Política Nacional de Educação Física e Esporte, que viria a ser a primeira política desportiva do país do futebol. A legislação criada na década de 70, por sua vez, foi substituída por outra, com a promulgação da Constituição Brasileira de 5 de outubro de 1988. Com a Constituição, o esporte passou a ser tratado no Brasil, como “um direito de cada um”. A Carta Magma determinou a obrigação do Estado para o incentivo às práticas esportivas e deu autonomia para as entidades e associações esportivas. Declarando assim, o rompimento do Estado, sobre o esporte brasileiro. Na década de 70, o governo da Bahia cria a Autarquia da Vila Olímpica da Bahia, que posteriormente, em 14 de março de 1983, vem a se transformar na Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (SUDESB) através da Lei Delegada nº37, como uma autarquia vinculada a Secretaria do Trabalho, Assistência Social e Esporte (SETRAS). A SUDESB surge com o objetivo de administrar o estádio da Fonte Nova, assim como toda a estrutura da Vila Olímpica, a ele ligada, somando o fomento ao desenvolvimento do desporto em todas as cidades do Estado da Bahia. Com o passar do tempo, a legislação que criou a SUDESB foi modificada pelas Leis nºs 4.697 (de 15 de julho de 1987), 6.074 (de 22 de maio de 1991) e 9.424 (de 27 de janeiro de 2005). No âmbito federal, surge neste período, um conjunto de novas leis que vão determinar a política esportiva vivenciada nos dias atuais. A Lei Zico (Lei n. 8.672/93 e o Decreto n. 891/93), alterada posteriormente pela Lei Pelé (Lei n. 9.615/98 e o Decreto 2.574/98), que propõem princípios e diretrizes para a organização e funcionamento de entidades esportivas, promovendo assim, mudanças significativas no ambiente do futebol. Em 2003, depois de uma ampla discussão com os setores organizados da sociedade, a Câmara, finalmente aprova o “Estatuto do Torcedor” (Lei n. 10.671, 15/05/2003), que dá ao torcedor a condição de consumidor e estabelece regras para o procedimento dos clubes, estádios dirigentes e o próprio torcedor. Outras leis importantes também foram aprovadas pela Câmara, tais como a Lei Agnelo (Lei n. 10.264/01), que destina 2% das loterias federais ao Comitê Olímpico e Paraolímpico, e a Lei n. 10.672/03, que fixa regras de transparência aos clubes e dirigentes. Nos anos de 2000 a 2002, a Comissão de Educação, Cultura e Desportos da Câmara dos Deputados realizou um ciclo de debates denominado “Panorama do Esporte Brasileiro”, segundo o exemplo dos debates ocorridos em 1983, nesta mesma Casa legislativa. Porém nada foi tão falado, quanto às famosas Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPI), instaladas no Congresso para apurar denúncias contra times de futebol e contra a própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Na esfera do poder executivo, foi criada, em agosto de 2001, a Câmara Setorial do Esporte, responsável por apresentar uma proposta atualizada de política nacional de esporte que acolhesse os desafios do mundo moderno. Em 2003, com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, amante do futebol e torcedor fervoroso do Corinthians, inicia-se no Brasil, um novo momento para a política desportiva nacional, levando em consideração as definições estabelecidas na Constituição. Em 1 de Janeiro de 2003, o presidente cria o Ministério do Esporte, com a missão de “formular e implementar políticas públicas inclusivas e de afirmação do esporte e do lazer como direitos sociais dos cidadãos, colaborando para o desenvolvimento nacional e humano” (Medida Provisória 103/03). Em 2004, o Ministério do Esporte promove a I Conferência Nacional de Esporte, reunindo a opinião de 83 mil pessoas, mobilizadas em 873 municípios, de 23 estados e no Distrito Federal, com o objetivo de traçar as políticas, estabelecer metas e ações para o setor. Em julho de 2005, o Conselho Nacional de Esporte estabelece a necessidade de reconstrução do Sistema Nacional de Esporte e Lazer, ratificado na II Conferência Nacional de Esporte, um ano depois.