Mais do que um estádio, uma paixão!

Fonte Nova. “Fonte do Futebol”. Simplesmente “Fonte”. Essas alcunhas, em referência à fonte situada ao lado do estádio e que atualmente serve para lavadores de carros, sempre foi preponderante ao seu nome oficial: Octávio Mangabeira.
Reportagem do Jornal A Tarde, do dia 16 de setembro de 1943 afirma que o projeto de construção do novo estádio, aprovado pelo governo de Octávio Mangabeira custaria 30 milhões de cruzeiros, e deveria terminar em 1949, em meio às comemorações da Copa de 50. “A Secretaria de Viação e Obras Públicas apresentou ao sr. Interventor federal o projeto do eng. Mário Leal Ferreira, para construção do estádio e do pavilhão de festas da praça de esportes da Bahia, solicitando a s. ex. a abertura de crédito para pagamento do trabalho e execução da obra por etapas, afim de está terminada a mesma em 1949, quando se comemorará o centenário da cidade, de vez que, não está o Estado, principalmente em face das contingências da guerra, em condições de levar a efeito de uma só vez, a construção projetada que deverá custar o preço total de 30 milhões de cruzeiros. (A TARDE, 19/09/1943)
Uma comissão de esportistas havia sido organizada para exigir do governo a reforma do Campo da Graça. Após passeata pelas ruas do centro da cidade, o governador anunciou a formação de um grupo de trabalho, que posteriormente indicou a impossibilidade de reforma e o aproveitamento do projeto da Fonte Nova, surgido durante a interventoria de Landulfo Alves, e que não foi executada em virtude de problemas políticos.
Três meses depois foi lançada a pedra fundamental. Os engenheiros aproveitaram o terreno e as primeiras arquibancadas foram construídas, e no dia 28 de janeiro de 1951, numa solenidade simples foi inaugurada parte do Estádio Octávio Mangabeira, que o povo prefere chama-lo de Fonte Nova (DN, 01/03/1971)
A idéia inicial era mesclar futebol e esporte amador e utilizar o Dique do Tororó como raia para regatas. O projeto da Vila Olímpica da Bahia compreendia o estádio, com pista de atletismo, o Ginásio Antonio Balbino e a piscina Juracy Magalhães.
Fato curioso na Fonte Nova é o seu formato de ferradura, com capacidade para 25 mil pessoas. Foi proposital e se deve a alguns fatores como as condições do solo, uma melhor harmonia com a paisagem, e uma boa ventilação e acústica.
Quanto ao local, um privilégio: no centro da cidade, com várias vias de entrada e de saída. Para o historiador Cid Teixeira, antes de se erguer o Octávio Mangabeira, naquela região, na ladeira da Fonte, entre o bairro de Nazaré e Brotas, próximo ao Dique do Tororó, ficava o aterro sanitário de Salvador, curiosa similaridade com o Estádio Manuel Barradas, conhecido como Barradão.
O público que compareceu ao primeiro jogo na Fonte Nova, construída em uma área de 12 hectares, assistiu a uma magra vitória do Botafogo sobre o Guarani (à época tradicionais times baianos) por 1 a 0.
Segundo o historiador Mário Gomes, o primeiro gol marcado na Fonte Nova foi do meia-esquerda auvinegro, Antônio, na trave ao fundo do Dique do Toróro. Mas coube ao Bahia, o primeiro título. Venceu o poderoso Ypiranga por 3 a 0 na final do mini-campeonato. Logo após a inauguração do estádio, o então governador da Bahia, Octávio Mangabeira, entregou o mandato e deixou a praça esportiva batizada com o seu nome.
Foi na década de 1960 que a Fonte Nova teve a sua época mais romântica, em sintonia com o charme que atravessa a cidade do Salvador. Naquele tempo, os títulos baianos não ficavam apenas restritos a Bahia ou Vitória. Outros clubes como Ypiranga, Galícia, Leônico e Fluminense de Feira de Santana também foram premiados com troféus.

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